Diabetes Mellitus: Entenda a Doença, Diagnóstico, Tratamento e Principais Dúvidas

Descubra como a diabetes funciona e responda suas dúvidas em relação a doença, sintomas, tratamento, como a Semaglutida/Ozempic, e prevenção.

10/17/20246 min read

O diabetes mellitus é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo caracterizada por altos níveis de glicose, o "açúcar, no sangue. Essa doença pode resultar de defeitos na secreção de insulina, na sua ação ou em ambos.

O diabetes é uma das doenças crônicas mais prevalentes do mundo, afetando cerca de 537 milhões de adultos em 2021, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF). A expectativa é que esse número continue a crescer devido ao aumento dos fatores de risco, como obesidade e sedentarismo. No Brasil, estima-se que mais de 16 milhões de pessoas convivam com a doença, com um impacto significativo na saúde pública.

Fisiopatologia do Diabetes: Como funciona o Diabetes?

A doença é classificada em dois tipos principais:

Diabetes Tipo 1: É uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Com a destruição dessas células, a produção de insulina é praticamente inexistente. Costuma surgir na infância ou adolescência, mas também pode se manifestar em adultos.

Diabetes Tipo 2: Caracteriza-se por resistência à insulina e/ou diminuição na sua produção pelo pâncreas. É mais comum em adultos, embora esteja se tornando cada vez mais frequente em jovens devido a estilos de vida inadequados. Está fortemente associado à obesidade e ao sedentarismo.

Papel da Insulina no Metabolismo da Glicose

A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, especificamente pelas células beta nas ilhotas de Langerhans. Sua principal função é facilitar a entrada de glicose nas células, onde ela é utilizada como fonte de energia. A insulina também ajuda a armazenar glicose no fígado na forma de glicogênio para uso futuro e inibe a produção excessiva de glicose pelo fígado.

O que Acontece na Falta ou Resistência à Insulina?

1. Falta de Insulina (Diabetes Tipo 1):

• No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas, resultando em pouca ou nenhuma produção de insulina. Sem insulina suficiente, a glicose não consegue entrar nas células de forma eficaz, permanecendo na corrente sanguínea e levando à hiperglicemia (excesso de glicose no sangue).

2. Resistência à Insulina (Diabetes Tipo 2):

• No diabetes tipo 2, as células do corpo se tornam resistentes à insulina. Isso significa que, mesmo que a insulina esteja presente, ela não consegue atuar de forma eficaz para transportar glicose para dentro das células. Para compensar, o pâncreas produz mais insulina, mas, eventualmente, essa capacidade compensatória se esgota, resultando em níveis elevados de glicose no sangue.

Como o Excesso de Glicose Causa Danos?

Quando a glicose se acumula no sangue, ela começa a causar uma série de problemas:

1. Glicação de Proteínas:

• O excesso de glicose pode se ligar a proteínas e lipídios no corpo, formando compostos conhecidos como produtos finais de glicação avançada (AGEs). Esses AGEs alteram a estrutura e função das proteínas, contribuindo para o envelhecimento precoce e danos aos tecidos, incluindo vasos sanguíneos.

2. Dano aos Vasos Sanguíneos:

• O alto nível de glicose afeta as paredes dos vasos sanguíneos, tornando-os mais espessos e menos flexíveis, o que dificulta a circulação do sangue. Isso leva a aterosclerose(endurecimento das artérias) e aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral.

3. Nefropatia Diabética (Dano aos Rins):

• Os rins filtram o sangue e removem resíduos, mas a hiperglicemia crônica pode danificar os delicados vasos sanguíneos dos glomérulos (estrutura de filtração renal). Isso leva a uma perda progressiva da função renal e pode culminar em insuficiência renal.

4. Neuropatia Diabética (Dano aos Nervos):

• O excesso de glicose também danifica os nervos periféricos, resultando em neuropatia diabética, que causa sintomas como dor, formigamento, e perda de sensibilidade, especialmente nos pés. Isso aumenta o risco de úlceras e amputações.

5. Retinopatia Diabética (Dano à Retina):

• Os pequenos vasos sanguíneos na retina podem ser danificados pela hiperglicemia, levando à retinopatia diabética, uma das principais causas de cegueira em adultos.

Quadro Clínico do Diabetes

Os sintomas clássicos do diabetes incluem:

Poliúria (urinar em excesso)

Polidipsia (sede excessiva)

Perda de peso inexplicada

Fadiga

Visão embaçada

Em casos mais graves, podem ocorrer complicações como infecções frequentes, cicatrização lenta de feridas e neuropatia diabética.

Diagnóstico do Diabetes

Segundo as diretrizes atuais, o diagnóstico de diabetes pode ser feito por meio de:

1. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL em duas ocasiões distintas.

2. Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5%.

3. Teste de tolerância à glicose oral (TTGO) com valor ≥ 200 mg/dL após duas horas.

4. Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL na presença de sintomas clássicos de hiperglicemia.

Para o diagnóstico de pré-diabetes, os critérios são:

• Glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL

• HbA1c entre 5,7% e 6,4%

• TTGO entre 140 e 199 mg/dL

Tratamento do Diabetes

O tratamento do diabetes visa controlar os níveis de glicose no sangue, reduzir o risco de complicações e melhorar a qualidade de vida. Para o diabetes tipo 1, a terapia com insulina é essencial. No caso do diabetes tipo 2, o manejo pode incluir:

Modificações no estilo de vida: Dieta equilibrada e exercício físico regular.

Medicamentos orais ou injetáveis: Como metformina, sulfonilureias (ex. glimepirida), inibidores da DPP-4, agonistas do GLP-1 (ex: semaglutida, o famoso Ozempic) e inibidores de SGLT-2 (ex. dapaglifozina).

Uso de insulina: Em casos onde o controle glicêmico não é alcançado com outras terapias.

Perguntas Mais Buscadas sobre Diabetes

1. Metformina emagrece?

A metformina é um medicamento utilizado para o controle glicêmico no diabetes tipo 2, que pode contribuir para a perda de peso em alguns pacientes. Esse efeito ocorre porque a metformina melhora a sensibilidade à insulina e reduz a produção de glicose pelo fígado, o que pode ajudar na perda de peso, especialmente quando associado a uma dieta saudável e exercício físico.

2. O que são as manchas de diabetes?

As manchas escuras que aparecem na pele, especialmente em áreas de dobras, como pescoço e axilas, são chamadas de acantose nigricans. Elas são um sinal de resistência à insulina e frequentemente estão associadas ao diabetes tipo 2. É importante investigar a presença dessas manchas para avaliar o risco de pré-diabetes ou diabetes.

3. Qual é o CID do pré-diabetes e diabetes?

O CID-10 para diabetes mellitus é E10-E14, variando conforme a classificação específica (tipo 1, tipo 2, gestacional, etc.). Já para o pré-diabetes, o código utilizado é R73.0 (aumento da glicose no sangue).

4. Diabetes tem cura?

Atualmente, o diabetes tipo 1 não tem cura, mas pode ser controlado com terapia de insulina e mudanças no estilo de vida. O diabetes tipo 2, embora também não tenha cura definitiva, pode ser revertido em alguns casos através de intervenções agressivas no estilo de vida, perda de peso significativa e, em algumas situações, cirurgia bariátrica.

5. Ozempic/Semaglutida: Preço e Informações

A semaglutida, vendida sob o nome comercial de Ozempic, é um medicamento utilizado para o controle do diabetes tipo 2. Ele atua como um agonista do GLP-1, ajudando a controlar os níveis de glicose e promovendo a perda de peso. No Brasil, o preço pode variar significativamente, dependendo da região e da disponibilidade nas farmácias, com valores que podem ultrapassar os R$ 1.000,00 por mês de tratamento.

Prevenção do Diabetes

Prevenir o diabetes, especialmente o tipo 2, envolve mudanças no estilo de vida:

• Manter um peso saudável

• Praticar atividade física regularmente

• Adotar uma dieta balanceada, rica em fibras e com baixo teor de açúcares refinados

• Evitar o consumo excessivo de álcool e parar de fumar

O diabetes é uma condição complexa que exige manejo contínuo e educação em saúde. Com os avanços nos tratamentos e uma compreensão mais profunda da doença, é possível viver com qualidade e reduzir significativamente o risco de complicações.

Para mais informações sobre o tratamento e manejo do diabetes, consulte um endocrinologista, que pode orientar sobre as opções terapêuticas mais adequadas.