Dor de Cabeça (Cefaleia): Tudo que você deve saber sobre as dores de cabeça

Entenda os tipos e as causas das dores de cabeça, além de seus tratamentos e prevenção.

10/19/20248 min read

O Que é a Cefaleia?

A cefaleia é caracterizada por dor na região da cabeça, que pode ser unilateral, bilateral, pulsátil, em aperto ou associada a outros sintomas, podendo se manifestar de várias formas a depender do indivíduo. Segundo a classificação da International Headache Society (IHS), as cefaleias podem ser divididas em primárias, quando não estão relacionadas a outras doenças, e secundárias, quando são sintoma de uma condição subjacente.

Qual o seu tipo de dor de cabeça?

Tipos de Cefaleia Primária e Fisiopatologia:

As cefaleias primárias representam a maioria dos casos e incluem:

1. Cefaleia Tensional: Associada à tensão muscular e ao estresse, resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A dor é frequentemente descrita como uma pressão constante em volta da cabeça.

• Quadro Clínico: A dor é leve a moderada, de caráter opressivo/aperto e sem piora com atividade física.

• Tratamento: O manejo inclui analgésicos de venda livre, como ibuprofeno, dipirona e paracetamol, técnicas de relaxamento e, em casos crônicos, antidepressivos tricíclicos.

2. Enxaqueca (Migrânea): Envolve disfunções no sistema trigeminovascular e liberação de neuropeptídeos pró-inflamatórios, o que significa uma anormalidade em componentes específicos do cérebro e vasos sanguíneos que geram uma inflamação. O processo é relacionado por fatores genéticos e ambientais.

• Quadro Clínico: Caracteriza-se por dor pulsátil, frequentemente unilateral mas que pode mudar de lado, que pode durar de 4 a 72 horas. Outros sintomas incluem náuseas, vômitos, dor cervical (no pescoço ou nuca), fotofobia (sensibilidade a luz), entre outros.

• Tratamento: Triptanos (p. ex. Sumatriptano e Rizatriptano) são o padrão-ouro para crises agudas, ou seja, os melhores para se utilizarem em momentos de crises. Para a prevenção de novas crises de enxaqueca, o de bloqueadores dos canais de cálcio (p. ex. Flunarizina) e anticorpos monoclonais anti-CGRP (p. ex. Erenumabe) é recomendado para profilaxia, além do clássico anticonculsivante Topiramato.

3. Cefaleia em Salvas: Relaciona-se com disfunção do hipotálamo, desencadeando crises repetitivas (desde em dias alternados até 8 crises por dia), geralmente em certos períodos e extremamente dolorosas.

• Quadro Clínico: Dor intensa de 15 minutos até 3 horas, unilateral, frequentemente ao redor do olho, associada a lacrimejamento, congestão nasal, edema(inchaço) da pálpebra e/ou outros sintomas autonômicos.

• Tratamento: Oxigênio a 100% e triptanos injetáveis são recomendados para alívio rápido, enquanto a profilaxia pode incluir verapamil e lítio.

Cefaleias Secundárias e Suas Causas

As cefaleias secundárias ocorrem como sintoma de uma doença subjacente, tais como:

Cefaleia por Sinusite: Causada por inflamação dos seios paranasais, gera dor em áreas faciais específicas.

Cefaleia Pós-Trauma: Pode ocorrer após lesões cranianas.

Cefaleia por Uso Excessivo de Medicamentos: Ocorre com o uso frequente de analgésicos e ocorrem em pessoas que já sofrem de cefaleias primárias.

As dores de cabeça, ou cefaleias, estão entre os distúrbios neurológicos mais comuns, sendo a principal causa de incapacidade pela neurologia e também a queixa mais comum nos consultórios, afetando a qualidade de vida de milhões de pessoas. Elas podem ser classificadas como primárias ou secundárias, dependendo de suas causas subjacentes.

Compreender as diferenças entre os tipos de cefaleia, suas causas e as opções de tratamento é essencial para gerenciar essa condição de forma eficaz.

Tratamento Atualizado: Recomendações Recentes

Para garantir uma abordagem eficaz, o tratamento deve ser adaptado ao tipo de cefaleia. Seguem as recomendações mais recentes:

1. Para Cefaleia Tensional

Intervenções não farmacológicas: Fisioterapia, acupuntura e biofeedback podem ser úteis para reduzir a frequência das crises.

Tratamento farmacológico: Analgésicos comuns (paracetamol, AINEs como ibuprofeno, naproxeno e nimesulida) para episódios esporádicos e antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina ou nortriptilina) em casos crônicos.

2. Para Enxaqueca

Crises agudas: Triptanos, especialmente sumatriptano, e antieméticos para controlar os sintomas. Novos medicamentos, como os antagonistas CGRP, mostram eficácia tanto no tratamento agudo quanto preventivo, porém ainda não estão disponíveis no Brasil.

Profilaxia: Indicada em pacientes com crises frequentes. Os anticorpos monoclonais anti-CGRP (p. ex. Erenumabe) são recomendados pela sua alta eficácia e baixa taxa de efeitos colaterais.

3. Para Cefaleia em Salvas

Abordagem imediata: Uso de oxigênio 100% em alta concentração (12-15 L/min) e triptanos subcutâneos.

Profilaxia a longo prazo: Verapamil é o medicamento de escolha, com monitoramento eletrocardiográfico regular para ajustar a dose.

Perguntas Frequentes sobre Cefaleia

1. O que pode causar cefaleia diariamente?

Causas comuns incluem estresse, seja relacionado ao trabalho ou até mesmo ambiente familiar, distúrbios do sono (problemas para dormir) e uso excessivo de medicamentos analgésicos.

2. Qual a diferença entre enxaqueca e cefaleia tensional?

A enxaqueca é tipicamente pulsátil e acompanhada de sintomas como náusea e sensibilidade à luz, enquanto a cefaleia tensional é uma dor em aperto que não piora com atividade física. Vale lembrar que enxaqueca e cefaleia migrãnea são a mesma doença.

3. Quando procurar um médico para dor de cabeça?

Recomenda-se consultar um médico se a dor for frequente, severa, ou acompanhada de sintomas como febre, perda de peso ou alterações neurológicas, bem como sinais de alarme como a pior dor da vida, sintomas de AVC associados (perda da fala, paralisia de um lado do corpo, entre outros), acima de 50 anos e outros sinais.

4. O Que é Bom para Dor de Cabeça Forte?

Para dores de cabeça intensas, especialmente crises de enxaqueca, os medicamentos mais indicados incluem triptanos, como sumatriptano, que são específicos para o tratamento de enxaquecas severas. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno, também podem ser eficazes para dores intensas, desde que não haja contraindicações. Em casos onde a dor é acompanhada de náusea, pode-se combinar o tratamento com um antiemético, como metoclopramida. Medidas complementares, como permanecer em um ambiente escuro e silencioso, aplicação de compressas frias na cabeça e técnicas de relaxamento, também ajudam a aliviar os sintomas.

Para dores persistentes ou atípicas, recomenda-se procurar avaliação médica, especialmente se houver sintomas como febre, rigidez de nuca, ou se a dor for diferente das habituais.

5. Dor de Cabeça na Gravidez

Durante a gravidez, dores de cabeça são relativamente comuns, especialmente no primeiro trimestre, devido às mudanças hormonais, aumento do volume sanguíneo e estresse. Tratamentos para cefaleias na gravidez devem ser realizados com cautela, pois muitos medicamentos são contraindicados. O paracetamol é considerado seguro na gravidez e pode ser utilizado para aliviar a dor. Já o uso de anti-inflamatórios, como ibuprofeno, deve ser evitado, especialmente no terceiro trimestre. Medidas não farmacológicas, como repouso, hidratação adequada, compressas frias e técnicas de relaxamento, são recomendadas para aliviar a dor.

6.Infecções de Urina e Dor de Cabeça

Dor de cabeça pode ocorrer em casos de infecção urinária, embora não seja um sintoma típico. Isso acontece principalmente quando a infecção se torna mais severa ou evolui para uma infecção sistêmica, como a pielonefrite, que afeta os rins. A febre e a desidratação associadas à infecção também podem contribuir para o desenvolvimento de cefaleias. Nesses casos, é importante tratar a infecção com antibióticos adequados e garantir uma boa hidratação, o que pode ajudar a aliviar a dor de cabeça.

Observações sobre alguns medicamentos:

Ao considerar medicamentos para tratar a cefaleia, maioria não produzem efeito colateral significativo, porém é essencial entender quais são eficazes e quais têm limitações. Os medicamentos de uso comum incluem:

1. Dramin (Dimenidrinato)

• Eficácia para cefaleia: O Dramin é um anti-histamínico utilizado principalmente para náuseas e vômitos, especialmente em casos de cinetose (enjoo de movimento). Ele não é um tratamento eficaz para cefaleias primárias. No entanto, pode ser útil em pessoas que experimentam enxaqueca com náusea, já que ajuda a aliviar esse sintoma secundário.

• Quando usar: Pode ser usado como coadjuvante em crises de enxaqueca associadas a náuseas, mas não é indicado como tratamento primário para a dor.

2. Ibuprofeno

• Eficácia para cefaleia: O ibuprofeno é um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) eficaz para o alívio de diversos tipos de cefaleia, incluindo cefaleia tensional e enxaqueca leve a moderada. Atua reduzindo a inflamação e a dor ao inibir a síntese de prostaglandinas, substâncias que participam do processo inflamatório.

• Quando usar: É recomendado para crises leves a moderadas, especialmente de cefaleia tensional. Pode ser menos eficaz em casos de enxaqueca severa, onde os triptanos são mais indicados. Deve ser utilizado com cautela em pacientes com histórico de gastrite e/ou úlcera gástrica.

3. Dipirona (Metamizol)

• Eficácia para cefaleia: A dipirona é um analgésico e antitérmico com boa eficácia para tratar a dor de cabeça, tanto tensional quanto episódios de enxaqueca. Tem um perfil de segurança relativamente favorável, mas é evitada em alguns países devido a preocupações com agranulocitose, um raro efeito adverso.

• Quando usar: Pode ser uma opção eficaz para cefaleias de intensidade leve a moderada. Em episódios de enxaqueca, pode ser utilizada em combinação com antieméticos.

4. Paracetamol

• Eficácia para cefaleia: O paracetamol é frequentemente usado para dores de cabeça leves, mas sua eficácia para enxaquecas pode ser limitada. Tem um perfil de segurança bom e é uma opção preferida para indivíduos que não podem usar AINEs, como pessoas com úlceras gástricas.

• Quando usar: Recomendado para cefaleias leves ou em pacientes que apresentam contraindicação ao uso de AINEs.

5. Triptanos (ex.: Sumatriptano)

• Eficácia para cefaleia: Considerados o tratamento de escolha para crises de enxaqueca moderadas a severas. Os triptanos atuam nos receptores de serotonina, ajudando a reduzir a inflamação e a vasodilatação dos vasos sanguíneos cerebrais.

• Quando usar: São mais indicados para enxaqueca e cefaleia em salvas, quando outros analgésicos não são eficazes.

6. Aspirina (Ácido Acetilsalicílico)

• Eficácia para cefaleia: Eficaz para cefaleia tensional e enxaqueca leve. A aspirina também pode ser utilizada em combinação com cafeína e paracetamol para melhorar os resultados no tratamento de enxaquecas.

• Quando usar: Indicado para casos leves de cefaleia, principalmente em formulações combinadas.

7. Buscopan (Escopolamina Butilbrometo)

• Eficácia para cefaleia: O Buscopan é um medicamento antiespasmódico que atua no alívio de cólicas e dores abdominais associadas a espasmos gastrointestinais. Não é considerado eficaz para tratar dores de cabeça, pois sua ação é direcionada à musculatura lisa do trato gastrointestinal, e não ao sistema nervoso central ou aos mecanismos envolvidos na cefaleia.

• Quando usar: O Buscopan pode ser utilizado em casos em que a dor de cabeça esteja acompanhada de sintomas gastrointestinais, como cólicas abdominais, mas não é indicado para o tratamento direto da cefaleia.